quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA- FACULDADE DE EDUCAÇÃOLICENCIATURA EM PEDAGOGIA-ENSINO FUNDAMENTAL/SÉRIES INICIAISPROFESSORA: INEZ CARVALHOCURSISTA: GILDETE RIBEIRO DE SOUZA ATIVIDADE: GEOGRAFIA DOS CONTOS: A ESCOLA E O CONTEXTO DAS E NAS LEITURAS

A nudez que nos irmana nossa origem e o nosso destino final neste mundo, não é motivo de nenhuma vergonha, nem significa apenas um componente erótico na realização do amor, mas constitui o símbolo mais expressivo da nossa frágil condição humano – por isso mesmo capaz de merecer a graça de Deus. (SABINO, P.211)

Ao realizar algumas pesquisas descobri que em 1960, Fernando Sabino publica o livro "O Homem Nu" na Editora do Autor, fundada por ele, Rubem Braga e Walter Acosta. Um livro de contos que tomou emprestado o título de uma história de apenas quatro páginas. Nas poucas linhas, o autor descrevia o drama de um homem que, sem roupa, vai ao corredor de seu edifício pegar o pão e fica preso do lado de fora de casa.
Nessa mesma época, entre final dos anos 60 e início dos 70, ele viaja para diversas partes do mundo como correspondente de veículos brasileiros, produzindo reportagens sobre países como Alemanha, Portugal, Itália, França, Inglaterra, Estados Unidos e Argentina.
Paulo José e Leila Diniz acham a idéia do livro de Sabino muito boa, e acaba virando um filme em 1967 sob a direção de Roberto Santos. Acredito que esse grande cronista por demonstrar sua arte de escrever tão cedo, e de ter uma vida bastante ligada ao mundo das escritas e leitura, ele teve essa autonomia de produzir seu próprio roteiro da história e sendo classificado e reconhecido como um dos maiores cronistas deste país. Sendo assim, ele alçou seu nome ao patamar dos gigantes, como Drummond, Dinah Silveira de Queiroz, Paulo Mendes Campos, entre outros.
Tudo isso aconteceu na época em que se chamavam fitas de cinema, ele fez esse roteiro de “O Homem Nu”, baseado no seu próprio conto que era de poucas linhas como afirmei de início. Porém, Sabino, não gostou muito do resultado e fez sua própria roteirizarão da história. A partir daí, transformou o material em novela.
Sabino não acreditava que saberia lidar com autores, pois o advento do videocassete implicava uma linguagem diferente, com técnica própria e nova concepção estética, sem as limitações, inclusive de tempo, da projeção dos cinemas. Ele achava que o cinema só iria se emancipar como arte, quando a projeção pudesse ser individual, liberta das salas de exibição, não era um espetáculo como um teatro: independente de platéia. E fez uma pequena reflexão: “Estamos chegando lá, com os vídeos-cassete. Mas há muito ainda a caminhar”. (SABINO, Fernando. A Nudez da Verdade, em “Aqui Estamos Todos Nus”.
Com o conto do “O homem nu”, tive a oportunidade de fazer recordações referentes a alguns acontecimentos ocorridos no mundo da mídia, como as novelas e até mesmo os programas humorísticos. E com essas lembranças percebi que esse conto para Sabino é uma crônica bem ao seu estilo, na qual ele descreve em seu conto uma situação cotidiana repleta de humor, e que, indiscutivelmente, pode acontecer com qualquer um, ou ao menos com alguém bem azarado, como não é o meu caso, pois sou uma pessoa de sorte e nunca tive o desconforto de passar por certa situação em que esse pobre homem agoniado e preocupado com suas dívidas mensais teve que passar. Talvez não tenha sido o caso da sorte ou azar, vejo que houve um pequeno descuido ao sair para pegar o pão, não custava nada ele pegar pelo menos uma toalha.

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