sábado, 29 de novembro de 2008

Meu Diário

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA- FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA DO MUNÍCIPIO DE IRECÊ CURSO DE PEDAGOGIA-ENSINO FUNDAMENTAL/SÉRIES INICIAIS
ORIENTADORA RUBIA MARGARETH



Gildete Ribeiro de Souza

Início da Caminhada


Se escrevo o que sinto, é porque assim diminuo a febre de sentir.
(Bernardo Soares)

O Diário de Ciclo tem uma participação fundamental nos momentos de cada cursista, pois é através dele que registramos pensamentos e acontecimentos durante todo o percurso de cada ciclo do curso de pedagogia. Sabemos que o diário de ciclo exige uma larga visão a respeito da nossa formação. Sendo ,assim, devo assumir um papel de aprendiz tentando valorizar cada momento vivido no curso, fazendo registros de acontecimentos e experiências, permitindo a cada momento mudanças na forma de pensar e sentir.
Diante de tanta reflexão feita, vejo que o diário de ciclo serve de apoio ao fazer algumas considerações relacionadas a cada momento de estudo: da participação à reflexão. Trata também de uma atividade com objetivos de fazer melhorias diante de uma visão crítica. É através dele que quero construir a minha história no curso de pedagogia da UFBA, para que posso desenvolver uma obra e em seguida refletir diante das palavras em meu diário. Sei que durante essa jornada de estudo irei passar por uma experiência de contar o que a própria pessoa faz e de contar a si mesmo toda a minha caminhada durante o curso .
Assim, não só conheço os meus avanços, meus progressos, mas também minhas considerações acerca de alguns assuntos publicadas em meu diário.
Sou Gildete Ribeiro de Souza, nasci em Lapão BA,filha de Eurides Ribeiro de Souza e Francisco Barbosa de Souza. O maior amor de minha vida é o meu filho, Luiz Henrique de Souza, o meu porto seguro, é de onde eu tiro todas as minhas energias positivas para continuar enfrentando os desafios e os obstáculos que encontro na minha vida pessoal, profissional e de estudante.
Hoje, estou atuando como professora alfabetizadora do ensino fundamental no turno matutino na escola Municipal São Pedro. E nessa mesma unidade de ensino também atuo como professora de 2º ciclo ou melhor, professora da turma do 4º Ano, também ensino fundamental no turno vespertino.
Ao redigir o meu diário, vejo-me como uma pessoa importante, autora, e que conseqüentemente alguém edita livros, por esse mundo afora. Acredito bastante nas palavras sábias de Paulo Freire quando ele diz:


Com a Cara na Praça


Na esfera da prática do registro, ainda que nos sintamos
desamparadas por não dominarmos sua forma genérica, nos apercebemos de nuances
do lugar social de professora, como a fala professoral, por exemplo, das quais
não damos conta enquanto o desempenhamos, porque já parecem ser parte de nós
mesma (...) (FONTANA,2003.P.169).

Bem, é buscando todas essas palavras reflexivas que início o meu diário de ciclo. E para começo de conversa, registro aqui acontecimentos e fatos marcantes que me levou a fazer registros importantíssimos, como: atividades durante as aulas do curso de pedagogia no espaço UFBA, que por sua vez, está ajudando-me a desenvolver bastante a minha prática em sala de aula.
Um dos motivos para esse relato sobre a contribuição partindo da formação para a prática veio do professor Ney Wendell, que chegou com uma aula diferente no dia 27/09/08 em pleno Sábado. Nesse dia percebi, o quanto a atividade estava sendo útil para minha vida profissional. No momento em que ele pediu que fôssemos em grupos à rua mostrando um ato cênico, como está a situação no Brasil ou melhor em Irecê. Aqui estão alguns: Fome, violência, prostituição, exploração infantil, pedofilia entre outros. As pessoas olhavam espantadas, pois estávamos em silêncio. Algumas não entendiam direito o porquê daquele protesto. Quando chegamos no centro da cidade foi maravilhoso, naquele dia quente ,ensolarado,mesmo assim muito satisfeita pelo trabalho do Professor Ney que para completar fez um pouco mais; Pediu que ajoelhássemos naquele asfalto quente para cantarmos o Hino Nacional.
Na rua as pessoas nos olhavam e aplaudiam aquele manifesto. Bom, aprendi uma dinâmica inesquecível com o professor Ney e refletindo sobre todos os momentos vividos naquela aula farei uso da minha ousadia e criatividade e tentarei a todo o momento demonstrar aos meus alunos todos esses requisitos, a importância dos trabalhos realizados em grupo, e dar a eles oportunidades de mostrar sua compreensão diante de um ato cênico.
É dessa forma que acredito que professores conscientes do seu papel devem se manifestar em uma sala de aula, e por acreditar nisso é que irei planejar uma aula, desenvolvendo aspectos de manifesto,pois essa atividade despertou em mima vontade de realizar um trabalho igual a esse, é claro que, o tema será diferente. Pensei em realizar sobre a água, pois estamos passando por momento de racionamento de água, e também por saber que cerca de um quarto dos países do mundo enfrentam hoje problemas de abastecimento de água. Mesmo no Brasil, que tem uma das maiores reserva de água doce do planeta, a escassez desse recurso é sentida em vários lugares. Rios subterrâneos contra a crise da água : Uma das soluções propostas é levar as águas de reservatórios naturais subterrâneos para as áreas necessitadas. Mas, ainda assim, é polêmico afirmar que a água de boa qualidade nunca vá acabar: Mau uso e contaminação dos reservatórios são ameaças que devem ser consideradas. Com toda essa justificativa levarei o aluno a realizar uma atividade de produção livre com bastante produtividade, clareza, fazendo assim, com que cada um transmite sua mensagem, pensamentos e criatividade com bastante objetividade.

A Teoria em ação,a sala de aula


Bom, segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, a criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inscrita em uma sociedade, com um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca... Quando planejava atividade para o grupinho 06, me deparei com esse referencial curricular e logo me veio à mente um momento marcante de sala de aula onde já concluindo o terceiro bimestre recebo um aluno com 07 anos de idade e que nunca tinha freqüentado uma escola antes e jamais tinha pegado em um lápis para fazer se quer um rabisco; é inacreditável mas foi a pura realidade. Observei a criança por alguns momentos e percebi que até para pegar no lápis ele tinha dificuldade, esse fato chamou a atenção dos coleguinhas que ficaram admirados. Sentei ao lado dele e pedi que fizesse uma letrinha qualquer e ele só conseguia ficar com os olhinhos arregalados. Foi aí que Marciel um dos coleguinhas interferiu e resolveu pegar na mãozinha dele e o ensinou como se pega no lápis para escrever ou mesmo fazer rabisco.
Fiquei parada só observando e registrando aquele maravilhoso momento. Em seguida pedi novamente;_Danilo escreve uma letrinha qualquer! E ele ficou me olhando sem entender o que sua professora estava falando. Nesse momento, o mesmo aluno tornou intervir ou interferir, e pegou na mãozinha do coleguinha e foi ensinando a fazer uma bolinha e dizendo;
_ Essa é a letrinha mais fácil pra você aprender, agora faça sozinho: E com muita dificuldade ele fez umas garatujas e ficou muito contente pela suas primeiras escribas. Segundo o pensamento de;

Lowenfeld e Brittain,uma criança de dois anos, por suas condições,
não pode copiar um circulo, embora algumas crianças dessa idade sejam capazes de
copiar uma linha. Com efeito, as garatujas não são tentativas de retratar o meio
visual infantil. Em grande parte, os próprios rabiscos baseiam-se no
desenvolvimento físico e psicológico da criança, não em algumas tentativas de
representação.

Observando esse pensamento, vejo o quanto à família dessa criança vive em um mundo totalmente diferente de outras crianças, pois analisando a idade do mesmo é que percebo a distância e ao mesmo tempo uma dificuldade fora de aprendizagem.

Palavras que Festejam!
... Ai, palavras, ai palavras,
Que estranha potência,a vossa!
Todo o sentido da vida
Principia à vossa porta;
O mel do amor
Cristaliza
Seu perfume em vossa rosa;
Sois o sonho e sois a audácia,
Calúnia, fúria, derrota...
...
Cecília Meireles

Esse poema veio lembrar um pouco da festa das palavras, com a professora Lícia, pois sua aula foi de grande importância para a minha vida profissional, diante dessa atividade compreendi um pouco a importância das palavras na nossa vida. Aproveitando as atividades da oficina da palavra escrita venho demonstrar através de palavras o quanto uma atividade desse porte é produtiva para ser trabalhado com alunos de todas as idades ou séries. Diante disso, selecionei algumas atividades a serem aplicadas com o grupo 09 (4º Ano) e também com alunos do grupo 06 (1º Ano) alfabetização, pois foi gostoso, proveitoso e produtivo para nós alunos de pedagogia, imagine a forma que estou pensando em aplicar, principalmente a festa das palavras que leva o aluno a ter contato com vários tipos de palavras e uma variedade de textos e livros.
Outra atividade legal que apliquei e fiquei muito feliz com o desenvolvimento dos alunos, foi à brincadeira das palavras. Não foi uma oficina como a da professora Lícia, pois ela tinha uma grande bagagem que nos levou a produzir com mais facilidade, foi uma aula produtiva e proveitosa pra todos. Peguei exemplos dos poemas realizados por colegas e montei um caderno de poemas com os nomes diferenciados, durante essa atividade, os alunos se deliciavam na leitura dos poemas e assim facilitando a suas próprias produções com o seu nome. Registro das produções em sala de aula.

Conhecendo a Minha Cidade, Um olhar através da geografia


Ser professor é buscar dentro de cada um de nós forças para
prosseguir, mesmo com toda pressão, toda tensão, toda falta de tempo... Esse é
nosso exercício diário!
FONTE: Jornal Acontecendo, nº. 22 setembros de 2001

Quando trago essa reflexão é mostrando um pouco do que aprendi durante esse ciclo, e durante esse percurso de aprendizagem, levarei comigo a experiência, aprendizagens e muito conhecimento adquirido que já está nesse momento sendo compartilhado com um grupo de alunos de 1º e 4º Ano do ensino fundamental, pois é lá que é o meu grande laboratório de aprendizagem e conhecimento.
Um trabalho maravilhoso que realizei com a atividade 2126 Viagem de estudo, conhecendo minha cidade com o professor Helmult veio confirmar todas as minhas palavras ditas anteriormente, pois ele vem desenvolvendo um trabalho riquíssimo com esse grupo de cursista que assim optou por realizar suas aulas com bastante interesse e responsabilidade. Durante esse período de curso o professor mostrou como elaborar um projeto em grupo, esclarecendo suas problemáticas para uma sala de aula. Na qual o tema sugerido pelo grupo foi; Identificação das espécies Vegetais, já que o projeto se tratava da Caatinga em especial. Ao elaborar o projeto foi discutida uma etapa de como se trabalhar a atividade, onde foi sugerido um quadro cronológico; para a melhor execução das ações propostas.
Bem, com todo esse roteiro percebo que ao desenvolver um projeto ou um plano de aula tudo parece ter um caminho a seguir sem tropeços. Dessa forma elaborei o meu projeto Conhecendo a caatinga, onde todos os alunos irão seguir passo a passo todo o roteiro do projeto. A proposta de Helmutt foi importante no desenrolar das minhas atividades, no que diz respeito à geografia, pois aproveitei o seu roteiro de projeto para aplicar nos meus planos semanais e percebi o quando melhorou a minha maneira de aplicar as atividades em sala de aula. Percebi o quanto as crianças se envolviam e estavam demonstrando o seu desenvolvimento e acompanhamento para com as tarefas ali distribuídas.

Viajando ao Mundo da Menina que Roubava Livros

O melhor jeito de quebrar a

resistência é realizando projetos maravilhosos na escola e
explicando a esses colegas como se faz para as coisas acontecerem (SIGNORELLI,
Vinicius. Nova Escola-edição 146 - out/2001)

Afirma o consultor do programa Parâmetros em Ação, do Ministério da Educação, Vinicius Signorelli que “trabalhar com projetos significa dar aos alunos a oportunidade de aprender a fazer planejamentos com o propósito de transformar uma idéia em realidade. Significa, ainda, ensinar formas de elaborar cronogramas com objetivos parciais, nos quais o trabalho em direção aos objetivos finais é avaliado permanentemente de modo a corrigir erros de processo ou mesmo de planejamento. Alunos que planejam e implementam projetos aprendem a analisar dados, considerar situações e tomar decisões”. Sendo dessa forma vejo o quanto ele está correto pois irei falar um pouco da viajem que foi feita no mundo da leitura com o livro, A Menina Que Roubava Livros de Mark us Zusak, onde foram realizadas atividades prazerosas, compartilhando cada momento vivido na história de uma criança que de alguma forma demonstra uma atração fortíssima por livros ao chegar ao ponto realizar roubos.
Ao realizar a leitura desse livro percebi o quanto é importantíssimo para o aluno a socialização coletiva das leituras realizadas, pois a cada encontro discutido, vi o envolvimento dos cursistas ao demonstrar ao público como é gosto ler por prazer e não por obrigação; pois essa é proposta do GELIT; ler por prazer. E ao escrever tudo isso veio em minha mente o pensamento do grande Augusto Jorge Cury (1958) confirma todas as minhas conclusões diante da pratica de leitura.

A maior aventura de um ser humano é viajar,E a maior viagem que
alguém pode empreenderÉ para dentro de si mesmo.E o modo mais emocionante de
realizá-la é ler um livro,Pois um livro revela que a vida é o maior de todos os
livros,Mas é pouco útil para quem não souber ler nas entrelinhasE descobrir o
que as palavras não disseram
...
Augusto Jorge
Cury





Foi sugerido trabalhar com um projeto de leitura elaborado e desenvolvido pela turma do 4º B da Escola Municipal São Pedro, a pedido da orientadora do GELIT A Menina Que Roubava Livros a professora Fabrizia Pires de Oliveira da atividade 2107. Esse projeto foi apresentado aos cursista da UFBA e à professora Fabrizia no dia 12 de Novembro do ano em curso. E diante de todo o processo de desenvolvimento e envolvimento da turma, percebo todos esses atributos colocados por Vinicius Signorelli na sua fala anterior. Bom, foi desenvolvido pela turma um projeto de leitura na qual está sendo um sucesso, o Projeto Música no Ar. Ao apresentar a idéia de trabalhar com música em Língua Portuguesa percebi que os alunos ficaram bem empolgados com a elaboração do projeto, pois tentei mostrar pra turma a importância que a música traz para a nossa vida, nosso cotidiano. E pensando assim, o projeto Música no Ar nasceu com o intuito de promover momentos de leituras com atividades envolventes e diversas, proporcionar momentos de mais conhecimento sobre a música e suas histórias tornando mais gostoso a aprendizagem.

A proposta nasce do entendimento de que, muito mais do que ouvir, é ler, cantar e apreciar de forma prazerosa o que precisa ser aprendido. Sendo assim, o projeto Música no Ar foi um convite à aprendizagem de maneira mais dinâmica, mais alegre, compartilhada e significativa, já que vários ritmos musicais fazem parte da vida cotidiana de nossas crianças .


Considerações Finais:
Participar do curso durante este ciclo e produzir esse meu diário foi de grande importância, pois tive a oportunidade de realizar pesquisas e adquirir conhecimentos principalmente sobre a arte de ensinar e de aprender que é uma tarefa difícil demais, para que alguém se envolva nela por comodismo, falta de algo melhor, ou porque é preciso adquiri ganhos.
Durante as realizações das atividades procurei conversar com colegas onde esclarecemos idéias, sobre o que devemos ter em mente, relacionando o curso a nossa prática: Bem, foi citado que o professor exerce um papel insubstituível no processo da transformação social. A identitária do professor abrange o profissional, pois a docência vai mais além do que somente dar aulas ou participar de cursos, constitui fundamentalmente a atuação profissional na prática social. A formação dos educadores não se baseia apenas na racionalidade técnicas, como apenas executoras de decisões alheias, mas cidadãos com competência e habilidade na capacidade de decidir, produzindo novos conhecimentos para a teoria e prática de ensinar. Pro exemplo; o professor do século XXl deve ser um profissional da educação que elabora com criatividade conhecimentos teórico e críticos sobre a realidade. Nessa era da tecnologia, os professores devem ser encarados e considerados como parceiros/autores a transformação da qualidade social da escola, compreendendo os contextos históricos, sociais, culturais e organizacionais que fazem parte e interferem na sua atividade na sua atividade docente. Cabe então a nós professores a tarefa de apontar caminhos institucionais coletivamente para enfrentamento das novas demandas do mundo contemporâneo, com a competência do conhecimento, com profissionalismo ético e consciência política. Só assim, estaremos aptos a oferecer oportunidades educacionais aos nossos alunos para construir e reconstruir saberes à luz do pensamento reflexivo e crítico entre as transformações sociais e a formação humana, usando para isso a compreensão e a proposição do real, sem deixar de se seduzir pelos caminhos deslumbrantes dos anúncios publicitários, pelas opiniões tendenciosas da mídia.
E para concluir meu Diário de ciclo trago uma mensagem de Paulo Coelho para melhor compreensão das palavras aqui depositadas por mim.

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao
final.Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos
a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos,
fechando portas, terminando capítulos, não importa o nome que damos.O que
importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.Foi despedido
do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em
outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? Você
pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para
si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram
certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente
transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus
pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã...Todos
estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos
sofrerão ao ver que você está parado. Ninguém pode estar ao mesmo tempo no
presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que
acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente
meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com
os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e
não tem a menor intenção de voltar. As coisas passam e o melhor que fazemos é
deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais
doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para
orfanatos, vender ou doar os livros que tem.Tudo neste mundo visível é uma
manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração e o
desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras
tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando
nesta vida com cartas marcadas. Portanto, às vezes ganhamos e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que
descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão
emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com
determinada perda: isso o estará apenas envenenando e nada mais. Não há nada
mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego
que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome
do "momento ideal". Antes de começar um capítulo novo é preciso terminar o
antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. Lembre-se de que houve
uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa... Nada é
insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo
ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do
orgulho, por incapacidade, ou por soberba.Mas porque simplesmente aquilo já não
se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a
poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.

Paulo
Coelho (24 de agosto de 1947 - )


Referencias:


DOMÍNGUEZ, G. Los valores en La educaión infantil. Madri: La Muralla, 1996.


FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 15. Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000. P 36-37


CURY, Augusto,

(FONTANA,2003.P.169).


(SIGNORELLI, Vinicius. Nova Escola-edição 146 - out/2001)

LOWENFELD, V.; BRITTAIN, W. L. — O desenvolvimento da
Capacidade criadora. São Paulo, Mestre Jou, 1977.

COELHO, Paulo -pensamentos (24 de agosto de 1947 -), escritor brasileiro.
( Dr. Augusto Cury - a casinha)


Irecê, 2008

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